
Entrevista com a ilustradora Joyce Mirely
por Ana Cláudia Dias Rufino
Ana Cláudia – Entrevistamos a Joyce Mirely, ilustradora incrível que criou várias ilustrações para a Ave Casa Editora e que assina como ilustradora do nosso primeiro livro publicado o “Peixinho fora da água”. Que emoção conversar com você Joyce. Por favor, comece falando de você para nossos leitores e sua formação.
Joyce – Me chamo Joyce, tenho 19 anos, sou designer, ilustradora e artesã.
Ana Cláudia – Quando surgiu o desejo e a vontade de desenhar em sua vida?
Joyce – Adoro desenhar desde que me entendo por gente, acho que esse é meu fio condutor pra tudo – desde coisas grandes como presentear alguém, até as mais simples, como me expressar. Eu era (ainda sou) o tipo de criança que via o mesmo filme várias e várias vezes num looping, só pra ficar admirando as cenas, as cores e cada coisa que aparecia e que era nova pra mim. Então até antes de saber o que era desenhar, eu enxergava nos desenhos uma mágica e um poder absurdo: o de tornar tudo completamente diferente, por mostrar sob a ótica de outra pessoa. Sempre fui apaixonada por isso, e com o tempo a ideia de conseguir fazer o mesmo me cativou completamente.
Ana Cláudia – Adorei isso que você disse Joyce. Eu também adoro rever os desenhos que gosto. Conta pra gente, qual o seu favorito? Aquele que você pode assistir todo dia?
Joyce – Sim!! Meus desenhos favoritos são o que assisto desde criança: As Aventuras de Jackie Chan, Scooby Doo, Baby Looney Tunes e mais um monte que me lembram sábado de manhã regado a leite com biscoitos. Mas ganhei novos favoritos com o tempo; Luca, Viva e UP! por exemplo, são animações maravilhosas que têm todo o meu amor.
Ana Cláudia – Em relação ao desenho, qual a sua maior inspiração?
Joyce – Admiro inúmeras pessoas que trabalham com ilustração, animação, editorial – e acho incrível a gente conseguir conhecer o trabalho de pessoas do outro lado do mundo, isso possibilita um crescimento absurdo. Ainda assim, as minhas maiores inspirações vem do que é familiar, aconchegante e nostálgico pra mim: uma pessoa que eu amo, um lugar que eu adoro frequentar, um filme ou uma comida que me lembra infância. Essas coisas conseguem recarregar minhas energias e me dão vontade de criar. Por mais que seja maravilhoso admirar o trabalho de outros profissionais na internet, estar nas redes sociais acaba sugando minha energia ao invés de aumentar. Então me sinto mais impulsionada a fazer o que amo quando tô com quem amo, num lugar seguro e bom.
Ana Cláudia – E como você se prepara para desenhar? Existe um ritual antes dos traços ou você só senta e começa a desenhar?
Joyce – Geralmente eu faço alguns exercícios pra criatividade e pra soltar o traço, antes de sentar e botar a mão na massa oficialmente. Não é nada muito planejado nem pensado com antecedência, até porque o objetivo desse exercício é não ser uma fonte de pressão. Então eu pego uma folha e um lápis e rabisco a primeira coisa que penso, por mais ou menos uns 15 minutinhos. Da última vez desenhei um gnomo abraçando um dinossauro e foi muito terapêutico kkkk
Ana Cláudia – Que maravilhoso!! Adorei a ideia de um Gnomo e um Dinossauro! Conta como é o processo de criação de um livro ilustrado.
Joyce – Esse processo é um pouco mais devagar do que de costume, mas é um dos mais gostosos de se fazer; acho que a maior parte dele é muito sobre pesquisa, sabe? Depois de ler a história e conversar bastante com a equipe que tá junto com você nesse processo (caso tenha uma), tem toda uma procura pelas cores, texturas, formas e estilos que melhor podem representar aquela história e que vão trazer uma riqueza em especial pra narrativa. Depois dessa pesquisa e de ter coletado um bom material, vêm as experimentações, esboços, geração de várias ideias, até o projeto ganhar uma “forma final”. Uma coisa que me ajuda bastante no processo é pedir opiniões de amigos ou parentes próximos e com pontos de vista bem diferentes, pra ver se você atingiu o objetivo que queria, se a pessoa identificou a figura, ideia ou emoção que você queria trazer naquela ilustração. No meu projeto mais recente, pedi as opiniões da minha irmã mais nova e da minha vó, e isso me ajudou demais a melhorar o resultado.
Ana Cláudia – Conta pra gente um pouquinho sobre a criação das imagens para a Ave?
Joyce – Claro!! A criação das imagens pra Ave sempre é super fluida e muito tranquila, acho que porque a editora sempre aborda temas e histórias muito bonitas. Por trás de cada post ou página, sempre tem um processo que abriga muito diálogo: a gente vai procurando inspirações e referências e agregando ideias, como um quebra cabeça – e é um dos motivos pra eu gostar tanto dos projetos da Ave: sempre tem um pouquinho da perspectiva de cada um que abraçou o projeto.
Ana Cláudia – Qual foi seu trabalho favorito para a Ave até agora?
Joyce – Com certeza o livro do Peixinho!!! Dar vida a uma história tão maravilhosa e saber sobre a oficina e as crianças que deram vida a esse personagem me cativou completamente, esse projeto me deixou boba em níveis absurdos!! Ansiosa demais pra vocês conferirem o resultado
Ana Cláudia – Qual dica você daria para quem gosta de desenhar, tem dúvidas da carreira, ou está no início dos estudos?
Joyce – Comece!! Experimente bastante, e continue praticando! Criatividade, ilustração, tudo isso é exercício, e pode ser potencializado com o tempo. A gente sempre pode melhorar, por mais que pareça difícil quando a gente enxerga trabalhos complexos vendo de fora. Mas cada pessoa enxerga o mundo de uma maneira, então cada uma pode representar essa ótica de um jeito especial: essa é a mágica da coisa, seu estilo é algo que só você pode fazer e mostrar pro mundo. E eu tenho certeza que muita gente vai amar o que você tem pra mostrar! Vai dar tudo certo 🙂
Ana Cláudia – Muito obrigada Joyce, adorei nosso bate papo! Muito obrigada pelo carinho e pelos desenhos maravilhosos!!
Joyce – Eu que agradeço, Ana!! Obrigada demais pelo carinho e pela conversa incrível!
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